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Aprender a Ser Feliz - Parte 2

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Depois de a deixar na escola, onde se despediam com um beijo e um abraço. Cláudia seguia viagem pelas ruas já mais movimentadas de Carcavelos. Era um hábito passar ali todos os dias que já saudava com um alegre “Bom Dia!” as senhoras, já reformadas, que se encontravam penduradas no balcão das suas janelas a conversarem. Não havia dia em que ou era atropelada por um triciclo de um neto de uma dessas senhoras ou que tivesse que dar um pontapé numa bola com os quais os meninos do bairro jogavam felizes e livres. E ela sempre bem-disposta retribui-a um “Desculpe Senhora” ou um “Obrigado” com um sorriso maternal. Cláudia continuava a caminhar, ela tinha que estar em Estoril às 12. No caminho o telefone tocou, mas de início ela nem deu conta. Anita, como sempre, pregava-lhe partidas, e hoje tinha-lhe trocado o toque do telemóvel e enquanto as pessoas iam passando por ela, só se ouvia: “Se te portas mal vai haver terror/ Se te portas mal vais sentir dor/ Se te portas mal ai por f

Aprender a Ser Feliz - Parte 1

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Acordava todos os dias às 5 e meia da manhã e ligava o rádio, era a sua primeira companhia da manhã. Ao som de uma calma música de Edith Piaf, olhou-se ao espelho e reparou que passava mais um dia da sua vida, onde tudo se mantinha igual. Assim se via Cláudia Vanessa, de 31 anos, com uma filha por criar e com um marido para sustentar. Como todos os dias, vestiu as suas meias de licra, colocou o seu baton cor de cereja, os seus saltos altos vermelhos, o vestido preto que tinha mais de 4 anos, e fez a sua imaginação voar no penteado que escolheu para começar mais um dia de trabalho. Da casa de banho gritou: “Anita, já tomaste o pequeno-almoço? Temos que sair”. Na pequena cozinha, desorganizada, sobressaia uma toalha cor-de-rosa, em cima da mesa, com o leite, os cereais, e o café. Anita, a segurar a cabeça com as mãos, ainda ensonada, a tomar o seu pequeno-almoço respondeu: “Mãe, já estou aqui a tua espera. Quando quiseres vamos embora”. Cláudia apareceu e sorriu para a filha, q

A máscara da Vida

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O tema que hoje me leva a escrever não é fácil de contar. Mas a verdade é que, com vergonha, tenho de confessar que pequei. Nasci no meio de uma família bastante tradicional. O meu pai não admitia que num domingo tivéssemos algum compromisso às 10 da manhã que não fosse ir a missa, e, por isso, desde pequeno fui ensinado a dirigir-me a Igreja. Com o passar dos anos fui descobrindo o meu ser. Em casa, na escola, na catequese e sentia-me diferente, sentia que algo não estava bem comigo. Aos 17 anos já pretendia ir por este caminho da Igreja e ser padre, ordenar-me e seguir as leis de Deus. Mas hoje com 29 sinto que foi um erro e que a única coisa que me levou por este caminho foi o facto de esconder a minha homossexualidade. Como é que eu ia explicar ao meu pai que gostava de homens? Eu sei que ia ser um desgosto enorme para a minha mãe. Toda a minha família me iria tratar como lixo. Ninguém percebia, nem eu, como é que um homem pode gostar de outro homem. Sempre fui educado a

Decisões

Lembro-me como se fosse hoje daquela noite inesquecível de passagem de ano.O céu com estrelas pontilhadas e a lua em todo o seu esplendor. Decidimos entregar os nossos corpos um ao outro como prova de amor. Lembro-me das juras de amor eterno sussurradas no meu ouvido, e da promessa de que nada jamais nos separaria. Pior de tudo, ainda, é lembrar da fatídica tarde de quarta feira, dois meses depois, após um longo beijo e um caloroso abraço, onde nos perguntamos; " O que tens de tão importante para me dizer? ". Por mais que eu tivesse ensaiado uma centena de vezes diante do espelho.  Deixei-o falar primeiro. Quem sabe fosse uma coisa sem importância que me fizesse sorrir e  me deixasse mais relaxada para lhe contar o motivo de tamanha urgência do meu bilhete.  Ele ia estudar para umas das Universidades mais importantes do país, morar a 500 Km de mim. Tinha que vender o carro para pagar os primeiros meses de aluguer de casa, mas prometeu-me visitar uma ves por mês.

Uma História de Amor

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Descobri hoje que era adoptado. Fiquei sem saber o que fazer, mas os meus pais não desconfiam de nada. Agi naturalmente quando descobri. Eles decidiram dizer-me hoje, mas ainda não me explicaram porque. Também não perguntei, não me interessa. Só sei que andei 32 anos enganado, a minha vida parece que caiu sem eu me aperceber. Parece que perdi tudo o que tinha. Agora estou mais calmo,  tudo parece muito claro. Os meus pais foram quem me criaram e não me interessa saber quem serão os outros, os que me deixaram. Mas sou curioso e tinha que saber mais. Os meus pais vieram ao meu quarto e acabaram por contar toda a história.  Se pensam que me encontraram no caixote do lixo estão enganados, assim como também não andava perdido na floresta e estes meus pais encontraram-me. O que aconteceu eu vou contar agora. Tinha 3 anos quando fui trazido de Angola pelo meu pai. Sim, eu nem português sou. Aqueles a quem deveria chamar pais eram portugueses emigrados em Angola, tinham ido para

As escolhas de Amor

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Eu tinha que escolher.  Quando estava no secundário apaixonei-me por um rapaz mais velho do que eu 2 anos. Eu sabia que para ele também não era indiferente, mas nunca tivemos nada. Tudo ficou pelos olhares e pelos comentários dos nossos amigos. Os meses foram passando e os anos também, cada um foi para o seu lado. Eu sei que ele foi estudar para Aveiro e eu acabei por parar a Braga. Sei que nunca conseguiria esquecer aquele homem. Sei que ele me faria sorrir e com ele me sentiria feliz. Não sei se o sentimento, passados alguns anos era o mesmo. Continuávamos a ver-nos, aos fins-de-semana. Frequentávamos os mesmos cafés, não éramos vizinhos, mas não vivíamos longe um do outro e por acaso passávamos um pelo outro e olhávamos-nos. Mas nunca, nunca passou disso. Num fim-de-semana, no café habitual vi-o a entrar de mão dada com uma rapariga. Senti o meu coração a partir, não sei explicar, mas foi doloroso. A esperança que tinha desapareceu. Ninguém notou mas eu deixei de acredita